A Hora do Lobo
Dezembro 19, 2015
Decorria a Revolução Social e Cultural dos anos 60 na China, segundo ideologias do grande mestre Mao Tsé –Tung, quando um jovem estudante chinês, natural de Beijing é enviado para os confins da Mongólia.
O seu objetivo é apenas um o de “civilizar” e educar os povos nómadas das estepes da Mongólia. Chen Zhen, o jovem educador, desde cedo se habitua às lides daqueles povo que percorre milhares de milhas em busca de alimento, pastando os seus rebanhos de ovelhas e cavalos semi-selvagens.
Ali perdido nas estepes, só acompanhado do seu cavalo, da natureza e dos seus novos amigos mongóis, o jovem apercebe-se da vida de um animal inteligente, organizado e que domina as planícies – o lobo.
Segundo uma orientação do governo, terá que se acabar com os lobos de forma a que estes possibilitem mais alimentação, não nos esquecendo que nesta década a China viveu a Grande Fome, onde morreram mais de 30 milhões de pessoas. Chen zhen não acredita que aquilo vá salvar o povo chinês, e contrariamente às ordens recebidas decide resgatar uma cria de lobo e criá-lo .
O filme claramente que não assenta numa fabulosa história de uma amizade entre um lobo e um homem. Nada disso, o filme surge quase como um documentário que retrata a Mongólia dos anos 60, os povos nómadas e o bicho Lobo.
O filme com realização de Jean-Jacques Annaud, que conta também com Sete anos no tibete no seu curriculum, montou muito bem a história que se baseou no livro Wolf Totem de Jian Rong. Na minha opinião, a imagem está deslumbrante e com uma edição muito documental que atrai os espetadores para aquela realidade.
Com um elenco totalmente de origem chinesa terá de se destacar Wiliam Feng, Shawn Dou, Ankhnyam Ragchaa e Ba Sem.
Curiosidade: Jean-Jacques Annaud ao realizar o filme “sete anos no tibete” com Brad Pitt, colheu do estado chinês muitas inimizades bem como alguns inimigos públicos que o perseguiram. Até na China a liberdade cultural parece estar a chegar. Com a Hora do Lobo existiu uma grande participação dos estúdios estatais chineses na rodagem, bem como permitiram uma livre montagem final. Sinais de novos tempos e de verdadeira liberdade.