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Rotas do Mundo

Pedro around the World... My life, my dreams, my favourite things

O Pai

Março 01, 2017

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Mas onde está o meu relógio? Mas quem és tu? Onde está a minha filha?

São algumas das questões deste Pai. Um pai que sofre de Alzheimer e que se defronta com o desenvolvimento desta doença maldita.

Em o Pai, o autor e a encenação, transporta-nos para algo irreal, maravilhoso, perturbador. Não é o comum espetáculo em que assistimos às situações criadas pelo doente e reacções das pessoas que o rodeiam. Não, desta vez a história está contada de forma a que aquilo a que assistimos, é exatamente a perturbação do doente.

 

Nós somos os olhos deste Pai que não reconhece a filha, nós somos a mente que troca a fisionomia de um ex-genro por um enfermeiro de serviço, somos nós, tudo nós.

A nossa mente que entra em colapso desde o início da peça e que vai em busca do final inesperado (ou talvez não). Somos nós que confundimos o cenário da casa do pai, pelo da filha, pelo do hospital (um fabuloso cenário aliás).

 

São os meus olhos que lacrimejam quando não reconhecemos a Ana, é a minha respiração que vai ficando ofegante ao som ensurdecedor da melodia que abraça a sala.

O Pai é uma peça de teatro do jovem autor Florian Zeller, e trazida por João Lourenço e Vera San Payo de Lemos ao Teatro aberto, numa encenação fenomenal do último. As interpretações são magníficas de todo o pequeno elenco: João Vicente, Patrícia André, Paulo Oom, Sara Cipriano, Ana Guiomar e João Perry.

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Mas é Ana Guiomar, na minha opinião a melhor atriz da sua geração, e o veterano João Perry que sobressaem nos seus papéis. Guiomar não tem nada que se lhe apontar de defeitos, são virtudes, são expressões que esmurraçam os estômagos dos “convidados” no público, é a sua voz, o seu olhar, os seus silêncios. E depois temos o grandioso Perry que só poderei descrever como sublime.

 

“No labirinto em que a vida se transformou, são muitas as encruzilhadas porque as grandes questões da existência irrompem na normalidade do quotidiano. É preciso encontrar soluções para a perda de autonomia, o desvanecer da identidade e da solidão. E continuar a Viver.”

 

Mais um fantástico trabalho do Teatro Aberto, que nos últimos anos nunca me tem defraudado. Maravilhoso!

A Cenografia de António Casimiro e João Lourenço, a Luz de Alberto Carvalho e João Lourenço, os figurinos de Dino Alves e o Video de Luis Soares são imprescindíveis para este espetáculo e que o elevam ao Topo.

Não pense muito e marque bilhete, pois só estará em cena até 12 Março.

 

 

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