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Rotas do Mundo

Pedro around the World... My life, my dreams, my favourite things

Pride

Outubro 29, 2015

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Em 1984, Margaret Tatcher encontrava-se no poder do Reino Unido utilizando políticas extremistas para conseguir recuperar o país da crise financeira em que se encontrava. Uma dessas políticas foi o fecho de muitas das minas existentes no seu território o que originou um sem número de greves por parte dos sindicatos dos mineiros.

Sem romperem greves e logo sem salários as comunidades mineiras atravessaram graves crises económicas e sociais, chegando muitos a não ter o que comer. Entretando em Londres iniciavam-se as primeiras paradas gay onde saiam à rua as consideradas até então aberrações sexuais que eram excomungadas por toda a sociedade.

Quer em Londres quer na pequena vila mineira do País de Gales o desrespeito pelos valores humanos eram exatamente os mesmos. Assim a comunidade gay decidiu criar um grupo de apoio aos mineiros de forma também a terem mais aceitação e visibilidade pública.

Conseguiram verbas significativas para ajudar as famílias dos mineiros, mas o sindicato dos mesmos sentiu-se um pouco envergonhado de receber os valores desta comunidade. Assim o grupo de jovens londrinos decide embarcar numa aventura e partir para Gales para entregar os donativos pessoalmente.

Inicialmente o caos, depois o ínicio de uma amizade que fez com que no ano seguinte a gay parade desfilasse por Londres encabeçada pelos sindicatos dos mineiros.

Uma história que nos faz pensar sobre a compreensão face às diferenças dos outros, uma história que nos permite seja qual for o caminho a lutar para alcançar os sonhos, uma história que conclui que A união faz a força. E Força é poder.

Um filme de 2014 que mistura drama, comédia e fatos reais e que nos faz passar bons momentos. Dirigido por Matthew Warchus e com interpretações de Bill Nighy, Imelda Staunton e Paddy Considine.

As críticas foram boas e por isso em breve surge uma sequela – Pride 2.

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Last Knights - Estreou Os Últimos Cavaleiros

Maio 08, 2015

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Os Ultimos Cavaleiros filme de Kazuaki Kiriya escrito por Michael Konyres e Dove Sussman acaba de estrear em Portugal, um filme de homens corajosos e que honram o bom nome das suas gentes.

A história remonta a um passado distante, sem especificar uma época, mas calculo pelos dominios feudais que deve estar no século X ou XI. Existe um senhor medieval de seu nome Lorde Bartok (Morgan Freeman), ele e a sua família gerem territóritorios segundo honra,compromisso e coragem. No entanto vivem num país governado por um imperador ambicioso e por um ministro corrupto e de abuso (não é Portugal nos dias de hoje, mas podia ser).

Lorde Bartok, recusa este regime e por opor-se vê o seu nome morrer, o imperador obriga Raiden (Clive Owen), o fiel chefe das tropas a quem lorde confiou a sua terra e a quem "deu" o seu nome por não ter herdeiros.

Após esta catástrofe segue mais uma, o exílio de toda a familia Bartok, do seu exército e de família.

Bartok que viu os seus pais morrerem e eram um antigo alcoolico, volta a essa vida, não querendo saber de vingança, enquanto os seus antigos camaradas de exército planeiam um ataque ao ministro.

Este home corajoso, de nome que mata obrigado o seu próprio senhor parece outro. Ou estará a fingir e tudo não passa de uma encenação para conseguir realizar o plano de honrar o nome do seu povo?

Já seria desvendar demais.

Um excelente filme para ir assistir ao cinema cheio de batalhas de espada, arco e flecha, acção, corajoso e honra.

Protagonziado por Clive Owen, que vai magnificamente no seu papel, e com a participação especial de Morgan Freeman, que nem preciso de elogiar pois todos os seus trabalhos são extremamente fabulosos.

Aconselho todos a assitir a esta película pos faz-nos questionar algumas coisas entre as quais até que ponto vale a nossa honra e o nosso nome.

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A Ascenção de Júpiter

Maio 08, 2015

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Um filme de 2015 de Andy Wachowski que mistura a ação, o romance e a ficção científica numa aventura intergaláctica.

Numa noite especial e predestinada pelos astros a grandes acontecimentos é concebida Júpiter Jones, filha de um astrónomo e de uma russa que devido às perseguições soviéticas vê-se obrigado a abandonar o seu país em busca de melhores condições de vida e segurança.

A ação é assim iniciada na cidade de Chicago, onde Júpiter já adulta é mais uma emigrante que limpa casas de gente muito rica.

Num outro planeta distante existe uma luta familiar, os Abrasax – 3 herdeiros e donos de todo o universo, lutam entre si pela posse de planetas habitados, ou melhor será dizer semeados.

Este povo galáctico anda em busca desenfreada por longevidade e eternidade para isso plantam seres humanos em diversos planetas, para após o seu crescimento os “colher” e criar um líquido que permite renovar as células do corpo.

No entanto, e de forma a perturbar toda esta guerra, nasce a Titular de toda a galáxia, ou seja a verdadeira Abrasax reincarna no corpo da humana Júpiter.

Claro que todas esta guerra e na ascensão de Júpiter a dona do universo está o seu protetor e amigo Caine, uma espécie de lobisomem interstelar. Como qualquer romance acabam juntos no fim.

Um fim não muito original, mas uma história repleto de bons momentos e de efeitos especiais. Grande cenografia, muito bons efeitos especiais.

Um filme para quem gosta de qualquer dos géneros.

Neste filme que contém um bom elenco destaca-se Mila Kunis como Júpiter Jones, Channing Tatum como Caine, Douglas Booth como Titus e Sean Bean como Apini. Saliento a grande interpretação de Eddie Redmayne como o principal antagonista da história no papel de Balem Abrasax, um ator em crescimento constante.

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As Portas que Abril abriu

Abril 25, 2015

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E apesar de gostar de escrever e de dizer poemas, nunca vou conseguir igualar um dos maiores poetas do nosso país - José Carlos Ary dos Santos:

Era uma vez um país 
onde entre o mar e a guerra 
vivia o mais infeliz 
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos 
vales socalcos searas 
serras atalhos veredas 
lezírias e praias claras 
um povo se debruçava 
como um vime de tristeza 
sobre um rio onde mirava 
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país 
onde o pão era contado 
onde quem tinha a raiz 
tinha o fruto arrecadado 
onde quem tinha o dinheiro 
tinha o operário algemado 
onde suava o ceifeiro 
que dormia com o gado 
onde tossia o mineiro 
em Aljustrel ajustado 
onde morria primeiro 
quem nascia desgraçado.


Era uma vez um país 
de tal maneira explorado 
pelos consórcios fabris 
pelo mando acumulado 
pelas ideias nazis 
pelo dinheiro estragado 
pelo dobrar da cerviz 
pelo trabalho amarrado 
que até hoje já se diz 
que nos tempos do passado 
se chamava esse país 
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos 
vales socalcos searas 
serras atalhos veredas 
lezírias e praias claras 
vivia um povo tão pobre 
que partia para a guerra 
para encher quem estava podre 
de comer a sua terra.

Um povo que era levado 
para Angola nos porões 
um povo que era tratado 
como a arma dos patrões 
um povo que era obrigado 
a matar por suas mãos 
sem saber que um bom soldado 
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém 
que dentro de um povo escravo 
alguém que lhe queria bem 
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança 
feita de força e vontade 
era ainda uma criança 
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa 
era a força da razão 
do coração à cabeça 
da cabeça ao coração. 
Quem o fez era soldado 
homem novo capitão 
mas também tinha a seu lado 
muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado 
a defender um irmão 
esses que tinham passado 
o horror da solidão 
esses que tinham jurado 
sobre uma côdea de pão 
ver o povo libertado 
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo 
mas tinham toda a razão 
quando um homem morre perto 
tem de haver distanciação

uma pistola guardada 
nas dobras da sua opção 
uma bala disparada 
contra a sua própria mão 
e uma força perseguida 
que na escolha do mais forte 
faz com que a força da vida 
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado 
homem novo capitão 
mas também tinha a seu lado 
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo 
começou a floração 
do capitão ao soldado 
do soldado ao capitão.

Foi então que o povo armado 
percebeu qual a razão 
porque o povo despojado 
lhe punha as armas na mão.

Pois também ele humilhado 
em sua própria grandeza 
era soldado forçado 
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado 
e no seu próprio país 
muitas vezes estrangulado 
pelos generais senis.

Capitão que não comanda 
não pode ficar calado 
é o povo que lhe manda 
ser capitão revoltado 
é o povo que lhe diz 
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país 
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue 
contra a posição contrária 
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra 
na madrugada serena 
um poeta que cantava 
o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos 
vales socalcos searas 
serras atalhos veredas 
lezírias e praias claras 
desceram homens sem medo 
marujos soldados «páras» 
que não queriam o degredo 
dum povo que se separa. 
E chegaram à cidade 
onde os monstros se acoitavam 
era a hora da verdade 
para as hienas que mandavam 
a hora da claridade 
para os sóis que despontavam 
e a hora da vontade 
para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas 
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras 
arrancaram-se as mordaças 
e o povo saiu à rua 
com sete pedras na mão 
e uma pedra de lua 
no lugar do coração.

Dizia soldado amigo 
meu camarada e irmão 
este povo está contigo 
nascemos do mesmo chão 
trazemos a mesma chama 
temos a mesma ração 
dormimos na mesma cama 
comendo do mesmo pão. 
Camarada e meu amigo 
soldadinho ou capitão 
este povo está contigo 
a malta dá-te razão.

Foi esta força sem tiros 
de antes quebrar que torcer 
esta ausência de suspiros 
esta fúria de viver 
este mar de vozes livres 
sempre a crescer a crescer 
que das espingardas fez livros 
para aprendermos a ler 
que dos canhões fez enxadas 
para lavrarmos a terra 
e das balas disparadas 
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril f
ez Portugal renascer.

E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado 
às vezes por mãos estranhas 
o poder que ali foi dado 
saiu das nossas entranhas. 
Saiu das vinhas sobredos 
vales socalcos searas 
serras atalhos veredas 
lezírias e praias claras 
onde um povo se curvava 
como um vime de tristeza 
sobre um rio onde mirava 
a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia 
o quiser roubar alguém 
não fica na burguesia 
volta à barriga da mãe. 
Volta à barriga da terra 
que em boa hora o pariu 
agora ninguém mais cerra 
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias 
se escancararam de vez 
essas janelas vazias 
que se encheram outra vez 
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez 
que espreitavam como espias 
todo o povo português.

Agora que já floriu 
a esperança na nossa terra 
as portas que Abril abriu 
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho 
levantado como um punho 
em Maio surgiu vermelho 
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou 
nas ruas em procissão 
de novo se processou 
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas 
abraços punhais e lanças 
enamoradas as alas 
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido 
tantas vezes repetido 
dizia que o povo unido 
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho 
levantado como um punho 
em Maio surgiu vermelho 
o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros 
pescadores e ganhões 
marçanos e carpinteiros 
empregados dos balcões 
mulheres a dias pedreiros 
reformados sem pensões 
dactilógrafos carteiros 
e outras muitas profissões 
souberam que o seu dinheiro 
era presa dos patrões.

A seu lado também estavam 
jornalistas que escreviam 
actores que se desdobravam 
cientistas que aprendiam 
poetas que estrebuchavam 
cantores que não se vendiam 
mas enquanto estes lutavam 
é certo que não sentiam 
a fome com que apertavam 
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura 
escrever constrói liberdade 
e não há coisa mais pura 
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados 
na mesma luta de ideais 
ambos sectores explorados 
ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam 
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam 
silêncios boatos murmúrios 
risinhos que se calavam 
palácios contra tugúrios 
fortunas que levantavam 
promessas de maus augúrios 
os que em vida se enterravam 
por serem falsos e espúrios 
maiorais da minoria 
que diziam silenciosa 
e que em silêncio fazia 
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo 
e com ordenados régios 
o alvor do socialismo 
e o fim dos privilégios.

Foi então se bem vos lembro 
que sucedeu a vindima 
quando pisámos Setembro 
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte 
que sabia tanto a Abril 
que nem o medo da morte 
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé 
juntos soldados e povo 
para mostrarmos como é 
que se faz um país novo.

Ali dissemos não passa! 
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça 
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono 
mais forte que a Primavera 
que trouxe os homens sem dono 
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros 
pescadores e ganhões 
operários e carpinteiros 
empregados dos balcões 
mulheres a dias pedreiros 
reformados sem pensões 
dactilógrafos carteiros 
e outras muitas profissões 
que deu o poder cimeiro 
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas 
palácios e palacetes 
os generais com prebendas 
caciques e cacetetes 
os que montavam cavalos 
para caçarem veados 
os que davam dois estalos 
na cara dos empregados 
os que tinham bons amigos 
no consórcio dos sabões 
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões 
os generais subalternos 
que aceitavam os patrões 
os generais inimigos 
os generais garanhões 
teciam teias de aranha 
e eram mais camaleões 
que a lombriga que se amanha 
com os próprios cagalhões. 
Com generais desta apanha 
já não há revoluções.

Por isso o onze de Março 
foi um baile de Tartufos 
uma alternância de terços 
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes 
e para terras de Espanha 
os que faziam alardes 
dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé 
capitães de pedra e cal 
os homens que na Guiné 
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram 
que um animal racional
opõe àqueles que o firam 
consciência nacional.

Os tais homens que souberam 
fazer a revolução 
porque na guerra entenderam 
o que era a libertação.

Os que viram claramente 
e com os cinco sentidos 
morrer tanta tanta gente 
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço 
temperado com a tristeza 
que envolveram num abraço 
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita 
e depois tão maltratada 
por quem herdou a desdita 
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo 
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo 
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história 
que os capitães descobriram 
que ficará na memória 
das naus que de Abril partiram

das naves que transportaram 
o nosso abraço profundo 
aos povos que agora deram 
novos países ao mundo.

Por saberem como é 
ficaram de pedra e cal 
capitães que na Guiné 
descobriram Portugal.

E em sua pátria fizeram 
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram 
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos 
que ficarão a render 
ao invés dos monopólios 
para o trabalho crescer. 
Guindastes portos navios 
e outras coisas para erguer 
antenas centrais e fios 
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio 
é preciso é aquecer 
pensar que somos um rio 
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar 
que nunca mais tem fronteiras 
e havemos de navegar 
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho 
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho 
na Beira com requeijão 
e trocando agora as voltas 
ao vira da produção 
no Alentejo bolotas 
no Algarve maçapão 
vindimas no Alto Douro 
tomates em Azeitão 
azeite da cor do ouro 
que é verde ao pé do Fundão 
e fica amarelo puro 
nos campos do Baleizão. 
Quando a terra for do povo 
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária 
em sua própria expressão:
a maneira mais primária 
de que nós temos um quinhão 
da semente proletária 
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado 
homem novo capitão 
mas também tinha a seu lado 
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu 
ainda pouco se disse 
um menino que sorriu 
uma porta que se abrisse 
um fruto que se expandiu 
um pão que se repartisse 
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse 
e entre vinhas sobredos 
vales socalcos searas 
serras atalhos veredas 
lezírias e praias claras 
um povo que levantava 
sobre um rio de pobreza 
a bandeira em que ondulava 
a sua própria grandeza! 
De tudo o que Abril abriu 
ainda pouco se disse 
e só nos faltava agora 
que este Abril não se cumprisse. 
Só nos faltava que os cães 
viessem ferrar o dente 
na carne dos capitães 
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós 
povo soberano e total 
que ao mesmo tempo é a voz 
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros fascistas 
agiotas do lazer 
latifundiários machistas 
balofos verbos de encher 
e outras coisas em istas 
que não cabe dizer aqui 
que aos capitães progressistas 
o povo deu o poder! 
E se esse poder um dia 
o quiser roubar alguém 
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe! 
Volta à barriga da terra 
que em boa hora o pariu 
agora ninguém mais cerra 
as portas que Abril abriu!

 

 

Selma - A Marcha da Liberdade

Abril 10, 2015

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Já algum tempo que queria ver este filme, mas ainda não tinha surgido a oportunidade.

Ontem foi o dia.

Selma, é um filme de Dezembro de 2014, realizado por Ava Duvernay e escrito por Paul Wehb, e protagonizado por uma constelação de estrelas negras como David Oyelowo, Carmen Ejogo, o branco Tom Wilkinson e a maior apresentadora mundial Oprah Winfrey.

A película, quase gravada em modo documentário “romanceado”, retrata um dos grandes momentos históricos da nação americana, a marcha pelo direito de votar dos negros na cidade de Selma.

Este facto fez com que os negros, que já podiam votar, não tivessem tantos entraves à sua inscrição na lista de votos, e pudessem de modo liberal e com igualdade votar naqueles que seriam os seus líderes políticos. Hoje em dia, parece anedótico, o país multicultural EUA numa situação destas, com Obama na presidência.

As coisas não eram fáceis nesses anos de 1965, as lutas e revoltas negras corriam os noticiários de todo o mundo. Quem conhecer um pouco da história americana conhecerá os grandes lideres negros como Malcom X ou Mather Luther King.

É King que protagoniza esta marcha, após ter vencido o prémio Nobel da paz, tal como o jovem John Lewis, que mais tarde foi congressista durante anos. King é o rei negro nos EUA porque conseguiu levar a bom porto todos os seus ideais, sempre com manifestações pacificas.

O filme parece-me estar bastante real, e com uma grande qualidade de reprodução histórica. A isso os meus parabéns.

Depois saliento do elenco o grande desempenho de David Oyelowo, que foi nomeado para o Óscar e ganhou o prémio de ator drama nos globos de ouro. Esta estatueta foi bastante merecida.

Um filme dramático poderoso, que inspira qualquer um, talvez por isso tenha colhido 4 globos de ouro: melhor filme, melhor ator, realizador, e melhor canção original.

Glory que além do globo de ouro conseguiu arrecadar também o Óscar é verdadeiramente estrondosa. Grande obra de John Legend e Common.

Não é o melhor filme do mundo, mas é uma grande obra dentro do género. A quem não viu aconselho a ver, a quem já viu e gostou aconselho a ver também o Mordomo de 2013 que aborda uma temática mais centralizada no negro que esteve 30 anos como mordomo na casa branca, mas que também aborda a temática deste filme.

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