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Rotas do Mundo

Pedro around the World... My life, my dreams, my favourite things

A Primavera

Março 20, 2018

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O sol vai esmolando os campos com bôdos de oiro. 

 

A pastorinha aquecida vai de corrida a mendigar a sombra do chorão corcunda, poeta romântico que tem paixão pela fonte.  Espreita os campos, e os campos despovoados dão-lhe licença para ficar nua.

 

Que leves arrepios ao refrescar-se nas aguas! Depois foi de vez, meteu-se no tanque e foi espojar-se na relva, a secar-se ao sol. Mas o vento que vinha de lá das Azenhas-do-Mar, trazia pecados consigo.

 

Sentiu desejos de dar um beijo no filho do Senhor Morgado. E lembrou-se logo do beijo da horta no dia da feira. Fechou os olhos a cegar-se do mau pensamento, mas foi lembrar-se do próprio Senhor Morgado á meia noite ao entrar na adega. Abanou a fronte para lhe fugir o pecado, mas foi dar consigo na sacristia a deixar o Senhor Prior beijar-lhe a mão, e depois a testa... porque Deus é bom e perdoa tudo... e depois as faces e depois a boca e depois... fugiu... Não devia ter fugido...

 

E agora o moleiro, lá no arraial, bailando com ela e sem querer, coitado, foi ter ao moinho ainda a bailar com ela. E lembra-se ainda - sentada na grande arca,  e mãos alheias a desapertarem-lhe as ligas e o corpete, enquanto ouve a historia triste do moinho com cinquenta malfeitores...

 

Quer lembrar-se mais, que seja pecado!

 

Quer mais recordações do moinho, mas não encontra mais. 

 

Ah! e o boieiro quando, a guiar a junta, topou com ela e lhe perguntou se vira por acaso uma borboleta branca a voar a muito, uma borboleta muito bonita! Que não, que não tinha visto; mas o boieiro desconfiado foi procurando sempre, e até mesmo por debaixo dos vestidos.  Como desejava poder ir com todos! 

 

Não sabe o que sente dentro de si que a importuna de bem-estar. 

 

Teria a borboleta branca fugido para dentro dela? 

 

Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1' 

A Páscoa e as minhas tradições

Abril 02, 2015

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Foi há milhares de anos que a Páscoa, cristã, começou a ter as suas celebrações, mas a sua tradição inicial chegou muito antes disso.

Celebrada por muitas religiões, cada qual festejando por motivos diferentes, entre os quais os celtas que comemoravam o ínicio da Primavera.

As minhas tradições assentam numa morte de Cristo e da sua resurreição no próximo Domingo. Se formos a analisar bem as coisas é o rejuvenescer, o renascer, o desabrochar tal como a chegada da Primavera.

Hoje e desde há alguns anos a esta parte, a Páscoa começa na 5ª feira com um almoço de confraternização com os meus colegas de trabalho. Este ano lá vou ter com o pessoal da Av. Berna. Apesar de ter saído de lá em Outubro, estes amigos lembraram-se de mim e convidaram-me para festejar com eles. É uma prova da amizade, do respeito, e do espírito de equipa e sacrífico que ficou durante 2 anos e meio de trabalho em conjunto.

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Depois chega a 6ª feira, dia de em tempos rumar toda a família ao Mar para apanhar percebes, mexilhões e lapas. Agora que a idade começa a pesar nos meus parentes mais velhos deixamos de descer as arribas do Cabo da Roca para irmos apenas ao mercado buscar as tão desejadas conchas. Para mim que não sou muito fã, abençoadas conquilhas que me enchem o estômago.

No Domingo, por norma, almoço em família onde se volta a comer a carne e termina o jejum. Algum assado no forno vai fazer-nos companhia à mesa. Este ano, em festa dupla para comemorar o 50º aniversário do meu tio.

Este ano ficamos assim, mas em tempos, a Páscoa prolongava-se na 2ª feira. Na Terra perdida da Beira Baixa - Ladoeiro, na 2ª feira a seguir à Pascoa, toda a gente rumava aos montes em peregrinação à Santa Catarina, para conviver com centenas de amigos e familias num mega piquenique onde não faltavam os ovos verdes da minha saudosa avó Maria e os borrachões que adoro.

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Nem tudo está esquecido... espero que a minha tia me faça uns ovinhos verdes para domingo, e espero os borrachões que a minha colega Isabel Rebelo me trará para a semana das terras de Idanha.

E não me posso esquecer dos ovinhos de chocolate que me ofertavam enquanto era criança e das "amêndoas" de licor que toda a gente adora e que a minha avó Elisa trazia de Lisboa, nessa altura em que Lisboa parecia um país distante da Azóia.

E são estas as minhas tradições...

 

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