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Rotas do Mundo

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A História da Irlanda

Agosto 09, 2017

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Antes de partir em descoberta de qualquer novo destino é importante conhecer um pouco da sua história, e neste caso, conhecer a história da Ilha da Irlanda é essencial para perceber e entender aquilo que vemos, visitamos ou simplesmente presenciamos.

 

A Irlanda é mundialmente conhecida pelos seus mitos e tradições celtas mas não é assim tão simples. A Irlanda ao longo da sua história assistiu a inúmeros conflitos quer de ordem religiosa, social ou ideológica o que transformou esta bela ilha em 2 países República da Irlanda e Irlanda do Norte (pertencente ao Reino unido).

Mas vamos então tentar resumir um pouco toda a história da Irlanda.

 

 

A Era Celta

A ilha da Irlanda terá sido ocupada pela primeira vez por volta do ano 8000AC, nessa época pelos povos agricultores e recoletores. Ainda existem alguns vestígios e locais neolíticos que podemos visitar, como é o caso de Newgrange.

 

Por volta do ano 300AC, os guerreiros Celtas (idade do Ferro) terão chegado à Irlanda e implementado a sua cultura e língua. Ainda hoje o Gaélico descende da língua Celta e muitos dos mitos e tradições remontam a este povo, são visíveis ainda milhares de símbolos celtas nos vestígios arquitectonicos.

 

 

A Era de São Patrício

No século V DC, após a chegada à Irlanda do são Patrício e deste além das cobras* ter expulsado a religião pagã, instala-se a religião cristã e com ela a cultura, a literatura e a arte associada. Muitos foram os vestígios arquitetónicos que ainda hoje proliferam pelo país, bem como o Livro de Kells que ainda hoje pode ser encontrado na Biblioteca do Trinity College em Dublin.

 

 

A Era Viking

No século VIII DC e durante o século IX, a Irlanda foi governada pelos Vikings, povos escandinavos que invadiram a ilha e que fragilizou as dinastias regionais que existiam na ilha. Os vikings foram os fundadores da cidade de Dublin em 988DC.

 

 

A Era dos Normandos

Em 1169 DC, inicia-se a invasão normanda, primeiro expulsando os vikings e depois dominando os irlandeses. Foram os grandes construtores de novas cidades muradas, igrejas e castelos, que hoje são paisagem desta ilha.

Foi aqui o início do domínio inglês sobre a Irlanda em mais de 700 anos de história, desde que em 1177, o príncipe inglês João Sem Terra foi ordenado senhorio da Irlanda, por seu pai o Rei Henrique II de Inglaterra.

 

 

A Era Protestante

Desde a última era até ao ano de 1534, terá existido uma relação pacífica entre irlandeses e os ingleses, reconhecendo Inglaterra como senhores da Ilha apesar das divisões por províncias existentes: Ulster, Meath, Leinster, Munster e Connacht.

 

No entanto, com a subida ao trono de Henrique VIII de Inglaterra e com a sua declaração de líder da igreja na Irlanda começaram a surgir discrepâncias. Os Irlandeses católicos não reconheceram a igreja protestante como sua. Surgem as leis de implantação e as leis penais que além de trazerem escoceses e ingleses para a Irlanda (protestantes) ditavam a retirada de poder dos católicos, negando-lhes por exemplo o direito a crédito ou a terras.

 

O poder Irlandês católico sucumbiu ao poder protestante inglês, escocês e agora também irlandês, iniciou-se a divisão verdadeira da Irlanda: a divisão religiosa. Começaram aqui os conflitos que até recentemente existiram no território.

 

 

A Era Britânica

Em 1613, foi derrubado a maioria católica no parlamento irlandês, pois foram criados novas representações parlamentares para locais onde predominavam os colonos protestantes. Apesar de até ao final do século XVII os católicos representarem 85% da população da ilha, foram quase na totalidade banidos do parlamento.

 

Em 1782, Henry Grattan deputado protestante conseguiu negociar uma relação comercial mais favorável com Inglaterra e uma maior independência legislativa, sendo que a governação ainda vinha da ilha britânica.

 

Em 1791, surge a criação da Associação United Irishmen, com o ideal de unir todos os jovens irlandeses independentemente da sua religião para reduzir o poder britânico, chefiado pelo protestante Theobald Wolfe Tone. Em 1798 surge então uma rebelião armada irlandesa que apesar de contar com o apoio dos revolucionários franceses acaba por falhar.

 

Este é o fim para o Príncipio da União. Em 1801 foi aprovada a lei Act of Union que unia politicamente a Irlanda à Inglaterra e com ela o direito de voto e de assento parlamentar dos católicos. Só em 1829, se deu a Emancipação Católica com a aprovação no parlamento de Londres da Act of Catholic Emancipation, uma lei que devolvia poder aos católicos, muito defendida por Daniel O’Connel, conhecido como o grande libertador.

 

Apesar das muitas tentativas do grande libertador, que só defendia atos pacíficos, de cancelar a Lei da União, esta tarefa nunca foi concluída pois não detinha o apoio de todos os irlandeses. Estes problemas políticos no entanto foram rapidamente esquecidos pela pior tragédia da Irlanda – a Grande Fome.

 

 

A Era da Grande Fome

No ano de 1845 e seguintes a Queima (um tipo de praga agrícola) chega a Irlanda e durante 3 anos destrói toda a produção de batata. Não podemos esquecer que nessa época a batata é o principal alimento de todo o povo irlandês o que faz com que se entre no período negro da Irlanda.

 

A somar a este facto, temos o controlo comercial por parte da coroa inglesa que nada fez para diminuir a fome irlandesa, pelo contrário, continuou a obrigá-los a exportar os poucos cereais que produziam bem como a carne e laticínios.

Estima-se que tenham morrido ou emigrado cerca de 2 milhões de Irlandeses.

 

 

A Era da Autonomia

Durante esta ultima era existiram poucos desafios ao controlo britânico. Em 1882 é criado o partido parlamentar Irlandês (na sequência do Irish Home Rule Party) liderado por Charles Stewart Parnell. É este homem que é o principal rosto da Home Rule, ou seja, da divisão da Irlanda face a Inglaterra, ou melhor será dizer da autonomia de governação por parte da ilha esmeralda.

 

Em Ulster, no norte da Irlanda a maioria dos irlandeses era protestante. Com a possibilidade da Home Rule ser concedida, viam o seu poder diminuir pois seria dominados por uma maioria católica que ocupava o resto do país. Assim o Partido Unificador (Unionist Party) liderado por Sir Edward Carson ameça um aluta armada caso seja asseando o Home Rule.

Apesar do esforço de Parnell, este não consegui ver o seu sonho realizado, mas inspirou gerações vindouras e valeu-lhe o título de “rei não coroado da Irlanda”.

 

Em 1912 foi aprovado o projeto de lei para a criação da Home Rule, no entanto devido à chegada da Primeira Guerra Mundial em 1914 esta foi suspensa. Muitos irlandeses do Irish Party, liderado na época por John Redmond, supunham que apoiando a Inglaterra na guerra, assim que esta acabasse a Home Rule seria concedida, assim todos os opostos se colocaram do mesmo lado da luta.

 

No entanto, nem todos se colocaram do lado do Irish Party, pois os nacionalistas irlandeses não acreditavam e não confiavam no governo inglês. Surge assim em 1916 um dos principais acontecimentos da história da Irlanda.

 

 

A Era do Easter Rising

No dia 24 de Abril de 1916, uma segunda-feira de Páscoa, dois grupos nacionalistas rebeldes armados: o Irish volunteers liderados por Padraig Pearse e o Irish Citizen Army liderado por James Connoly, tomaram pontos-chave de Dublin. Em frente à agência central dos Correios, no centro de Dublin, Padraig Pearse leu a Proclamação da República, que declarou a República da Irlanda independente dos britânicos. Seguiram-se durante 6 dias diversas guerras civis pelo país que terminaram, com a derrota dos rebeldes – a maioria da população era afinal contra o Easter Rising. A opinião pública começa a mudar quando os sete signatários da Proclamação foram executados.

 

Duas das principais figuras do “Levante da Páscoa” e que não foram mortas foram Éamon de Valera e Michaels Collins. Nas eleições de 1918, o partido Sinn Féin de Valera ganha a maioria dos assentos parlamentares irlandeses na Câmara dos Comuns. Em 1919, estes mesmos deputados reunem-se em Dublin e formam o Parlamento da República da Irlanda chamado de Dáil Éirean, declarando unilateralmente o poder sobre toda a ilha.

 

 

A Era da Guerra da Independência e da Guerra Civil

De 1919 a 1921, instalou-se uma guerra da independência. De um lado o Exército Irlandês – da Irlanda, do outro as forças britânicas. Esta guerra termina em 1921 onde foi assinado um tratado – Tratado anglo-irlandês dando poderes de independência à Irlanda, no entanto a opinião pública manteve-se dividida pois a Irlanda foi dividida em Estado Livre Irlandês (26 condados maioritariamente a sul) e a Irlanda do Norte (6 condados).

 

De 1922 a 1923, existe então uma dura guerra civil. De um lado quem defendia o tratado liderado por Collins e de quem se assumia contra o tratado liderado por Valera. Esta divisão durou até aos dias de hoje até na ideologia dos dois principais partidos políticos existentes.

 

 

A Era das 2 Irlandas

Desde 1920 com a Lei do Governo Irlandês e desde 1922 com o Tratado Anglo-irlandês começaram a existir duas Irlandas: a do Norte maioritariamente protestante e a República da Irlanda, no sul, maioritariamente católica.

 

Em 1937, a República da Irlanda aprova a sua constituição como independente, enquanto que a Irlanda do Norte continua a ser parte integrante do Reino unido.

As lutas ideológicas apesar de terem desaparecido até aos dias de hoje da República irlandesa, continua muito patente na Irlanda do Norte principalmente devido às diferenças religiosas.

 

 

A Era dos Troubles no Norte

Apesar da acalmia política que existia na Irlanda do Norte desde 1922, esta termina no final dos anos 60 devido à discriminação que existia sobre os católicos.

 

Em 1968 começam as marchas pelos direitos civis dos católicos que levaram a reações violentas dos protestantes e da força policial. Segue-se então o período conhecido como “The Troubles” onde os irlandeses do norte nacionalistas/republicanos e os leais/unificadores se confrontaram. Estão na base da divisão dois pontos importantes: a religião e a independência.

 

Em 1969 as tropas britânicas são enviadas para Belfast para manter a ordem e proteger a minoria católica. Mas na realidade parece que o exercito era mais uma arma da maioria protestante, opinião católica que se pode comprovar com o Bloody Sunday (1972), domingo sangrento, em que o exercito disparou sobre uma manifestação católica matando cerca de 13 pessoas.

 

O Período da luta durou desde os anos 60 até praticamente à atualidade, com a intervenção também do IRA – Exercito Republicano Irlandês – que pretendia a anexação da Irlanda do Norte ao seu país, muito apoiado pelo Partido Nacionalista Sinn Fein. Estimna-se que durante este período cerca de 3000 pessoas tenham morrido dos dois lados do conflito.

 

Em 1998 chega um certo clima de estabilidade à Irlanda do Norte, em 2005 o terrorismo do IRA termina e entregam as armas, e em 2007 os dois partidos passam a cooperar no governo da Irlanda do Norte.

Nessa mesma epóca a República da Irlanda inicia um processo de crise financeira, tal como Portugal, ao que parece ter sobrevivido.

 

O futuro ninguém poderá adivinhar, mas esperamos que de estabilidade económica, social e política.

 

Podes acompanhar toda as aventuras e informação da viagem através dos tag's irelandtrip e ilhaesmeralda

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